terça-feira, 24 de novembro de 2009

Edição atrasada

Desculpem-me, mas não tive tempo de continuar a escrever.
Em breve postarei a continuação da história do Redentor das Eras
abraços

domingo, 25 de outubro de 2009

Cap. 02 Lembranças

Passou-se quase uma semana desde o dia em que fui ao consultório de Vanessa Hadyn. Desde então me sinto angustiado, todos os dias tenho vontade de vê-la, algumas vezes passava em frente ao seu consultório, observava um pouco a janela do terceiro andar e logo partia.
Minha segunda consulta estava marcada para exatamente uma semana após a primeira e está sendo quase insuportável esperar.
Ao longo desta semana uma coisa entre nossa conversa me marcou muito, e acabei por relembrar um grande pedaço da minha vida, a qual já estava adormecida nas profundezas da minha alma, nos mais profundos abismos da minha mente.
Amei uma mulher, assim como qualquer outro homem eu também amei uma mulher, e ela se chamava Vanessa...
Vanessa era uma bela mulher de costumes simples e uma humildade imprescindível. Lembro de tê-la visto pela primeira vez na casa de um amigo, Douglas Hamilton, inglês pomposo de moral indubitável, dono de grandes porções de terra e conhecedor das maiores e mais adoráveis famílias da região.
A garota era bela. Desejei-a em nome de tudo o que era mais sagrado para mim. Desejei-a e a tive. Tornei a encantadora Vanessa a mulher mais feliz deste mundo, mas como qualquer outra história daquele época, nosso amor era proibido. Fatos banais que tornavam nosso destino um emaranhado de confusões e incertezas.
Promessas... o maior erro de um ser pensante. Promessas, promessas e mais promessas. Por que fazemos promessas? E pior, por que não cumprimos as promessas que fazemos? Às vezes penso que as promessas foram criadas por uma pessoa rancorosa, cheia de amargura, e essa pessoa desejou isolar-se de todo o mundo, assim ele conseguiu. Tente prometer várias coisas para várias pessoas, assim você se isolará de todos.
Prometi à Vanessa que a amaria eternamente e para sempre estaria ao seu lado, e assim tentei fazer, eu só não contava com uma coisa... o destino.
Parecia estar tudo muito bem entre Vanessa e eu, parecíamos estar muito felizes, estávamos finalmente andando em rumo ao final feliz, mas não... Sara Notingham me encontrou e ocupou a outra parte do meu coração.
Nunca encontrei um amigo que fosse compreensivo o suficiente, sincero o suficiente, amigo o suficiente para que eu pudesse compartilhar essa minha agonia. E assim como eu prometi para Vanessa, eu também prometi para Sara.
Por longos anos da minha vida eu deveria carregar esse peso no meu coração e na minha consciência. Era impossível chegar a uma conclusão exata do que eu realmente queria. Talvez porque eu sempre tenha sido tão indeciso, sempre odiei fazer escolhas.
Hoje, no caminho para o consultório de Vanessa Hadyn, percebo como aquela época perturba minha existência. Prometi a mim mesmo que me redimiria do que causei aquelas belas mulheres, mas, infelizmente, não descobri como o fazer, e é por isso que procuro conversar com Vanessa Hadyn, minha Redentora. Acredito de algum modo que essa exuberante beleza e efusivo carisma, impregnados de encanto e desprovidos do pecado, poderá, de algum modo livrar-me dos fantasmas do meu passado...
Finalmente aqui estou... Clinica Hadyn e o segundo encontro com minha musa redentora, Vanessa Hadyn.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cap. 01 De Volta Aos Seus Braços

Por toda minha vida procurei alguém com quem pudesse conversar. Conversar sobre as coisas que me afligem, coisas que me tornaram o que sou... Após tanto tempo, acredito ter finalmente encontrado quem eu procurava.

A encontrei nesse novo mundo dionisíaco, assolado pela promiscuidade, onde o caos governa uma população de medíocres.

Encontrei o telefone dela ao ler um jornal diário. No jornal dizia que ela trabalhava conversando com as pessoas. Mas o que mais me chamou atenção não foi a profissão, e sim o nome. Assim cheguei ao consultório de Vanessa Hadyn para conversar, meu único objetivo era conversar... conversar de modo que a séculos não converso.

- Bom dia, Senhor, seja bem vindo!

- Por favor, não me chame de Senhor. Dá a impressão de que já sou velho.

- Como queira. Prefere que eu lhe chame como?

- Por enquanto apenas de Amigo.

- Muito prazer, Amigo, seja bem-vindo. Meu nome é Vanessa Hadyn

- Não acredito que nomes sejam importantes nesse momento, inclusive, seu nome eu já sei, pois o vi no jornal no anúncio dessa clínica.

- Percebo que você é bem direto, sendo assim vamos logo ao ponto. Qual é o seu problema?

- Não tenho problema.

- Então por que veio até aqui?

- Para conversar.

No momento ela pareceu não saber o que falar, perdeu toda a credibilidade. Uma doutora tão bela e inteligente como ela não poderia ficar sem palavras na frente de um paciente. Mas havia algo mais. Havia uma aura de angústia que a sufocava e de algum modo me fazia compartilhar de seu sentimento.

- Tudo bem, então vamos conversar. Sobre o que você quer conversar?

- O que você quer saber?

- Estou vendo que você é um cara difícil, mas tudo bem, eu quero saber sobre você. Sobre a sua vida. O que você gosta e o que não gosta? Porque resolveu vir até o meu consultório e por que não escolheu outro? Não precisa ter pressa e não precisa responder necessariamente nessa ordem.

- É claro que não preciso ter pressa, afinal estou pagando por hora, não é?

È claro que eu estava sorrindo ao final de cada frase, para que ela não pensasse que eu estava debochando dela, na verdade eu só queria tornar um momento mais alegre, e acredito que ela tenha compreendido a minha intenção. Conversamos a tarde inteira, contei a ela várias coisas da minha vida, mas não cheguei a contar tudo, pois para isso precisaríamos de alguns anos. Mas contei coisas suficientes para deixá-la assustada. No final da tarde, quando ela já começava a sentir fome, ela fez algumas perguntas e é claro que eu percebi no olhar dela que a consulta estava por acabar.

- Em qual período histórico gostaria de estar vivendo?

- Século XVII. Era magnífico, lindo, extravagante, soberbo, promiscuo e perverso. Tudo o que uma mente pecadora como a minha adora.

Dessa vez ela ficou realmente assustada.

- Qual o seu maior medo?

- Altura

Agora ela sorriu.

- Seu maior desejo?

Essa pergunta me doeu. Não sabia o que responder. Havia tantos desejos, tantos anseios que me tomavam naquele momento, que se eu respondesse um, estaria negando muitos outros. Se eu respondesse todos, estaria revelando coisas de mim que ainda não estou pronto para revelar. Mas eu tinha que responder algo:

- Me casar.

- Se pudesse ser outra pessoa nesse momento, quem gostaria de ser?

Essa talvez tenha sido a pergunta mais engraçada de toda a entrevista. Havia várias respostas. Muitas pessoas me chamaram atenção ao longo da história, mas eu podia escolher apenas uma.

- Eu gostaria de ser você.

- ...

- ...

- Percebo que você é bem realista e sincero. Diga quem você mais ama.

Essa foi a única pergunta que eu não quis responder, pois era a única resposta que não me agradava.

- Não existe amor, existe apenas o desejo.

- Deus?

- Deus não existe, apenas a religião.

- Diga um herói.

- Dorian Gray

- Dorian Gray não existe.

- Heróis não existem.

- ...

Meu primeiro dia na psicóloga acabou por aí. Não sei qual foi a impressão que ela teve sobre mim. Ela deve pensar que sou um louco, ou talvez, apenas uma pessoa muito solitária. Gostei muito da graça dela, pretendo vê-la mais vezes.

Vanessa Hadyn... Jamais esquecerei esse nome.